Universidades lançam plataforma que calcula a pegada de energia e de CO2 na construção civil
No início de 2022, chega ao mercado brasileiro da construção o Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção - SIDAC, uma plataforma web que permitirá aos usuários calcular a pegada de energia e de carbono de produtos de construção fabricados no Brasil. O SIDAC é coordenado pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e executado por um consórcio de universidades e institutos de pesquisa brasileiros, integrado pela USP, IPT, UNILA, Unicamp, UFRGS e UFPR, além da empresa desenvolvedora de software Kemio Code.
O sistema permitirá ao usuário conhecer a sua demanda de energia primária e emissão de CO2, do berço ao portão, ou seja, desde a extração dos recursos naturais necessários para fabricar o produto até a porta da fábrica.
O SIDAC é baseado no método de Avaliação do Desempenho Ambiental da Construção (ADAC), que consiste em uma abordagem simplificada da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), focada nas questões ambientais mais importantes para a cadeia de valor da construção. Há mais de dez anos, o CBCS coordena estudos e pesquisas para trazer para o setor da construção os conceitos de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), de forma simples, prática e acessível a todos.
“Acredito que agora conseguimos chegar no estado da arte de um sistema brasileiro para a avaliação da pegada ambiental dos produtos de construção que reúne alta confiabilidade de informações, metodologia robusta e facilidade de uso, a um custo muito baixo para cadastramento das informações no sistema”, resume a Drª. Clarice Degani, coordenadora executiva do CBCS. Além do comitê científico integrante do projeto, o desenvolvimento do SIDAC conta com o apoio de associações setoriais da construção, representadas em um comitê consultivo.
Com metodologia legitimada por uma equipe de pesquisadores das mais importantes instituições de pesquisa do país, o SIDAC terá um corpo permanente de revisores de todos os dados que forem cadastrados no sistema. Esses profissionais serão especialistas em materiais de construção e, especialmente, em Análise de Ciclo de Vida.
O prof. dr. Vanderley John da Escola Politécnica da USP, coordenador técnico do SIDAC e diretor do CBCS, lembra que os sistemas análogos que trabalham com dados internacionais não representam a realidade brasileira e podem levar a decisões equivocadas.
“Pela primeira vez, teremos no Brasil um sistema que reúne dados de desempenho ambiental de produtos de construção, que hoje se encontram dispersos em publicações científicas, relatórios e outros documentos”, diz ele. A versão 1.0 do SIDAC será lançada com dados genéricos, ou seja, inventários nacionais de ciclo de vida dos principais produtos de construção e insumos básicos da economia.
O sistema também será lançado com funcionalidades que permitirão aos fabricantes cadastrar seus inventários de ciclo de vida, submeter seus dados à revisão de especialistas e publicar as declarações de desempenho ambiental de seus produtos, tudo em uma única solução digital. “Este é um diferencial inédito no mercado, inclusive internacional”, diz Vanderley John.
Trata-se de uma plataforma ‘user-friendly’, acessível via web, desenvolvida no idioma português, com algumas áreas traduzidas para o inglês e o espanhol. Com o SIDAC, pequenos e médios fabricantes poderão calcular seus indicadores ambientais, atividade que hoje permanece limitada a empresas de grande porte, que podem arcar com os custos de consultorias especializadas em ACV.
Por ser simples, a plataforma terá um funcionamento dinâmico. Isto é, caso um fabricante tenha alguma melhoria em seu produto ou processo, ele pode, de forma rápida e a custo baixo, calcular seus novos indicadores ambientais e publicar seus dados atualizados.
“Este é o ponto fundamental do sistema”, pondera Vanderley John. “Isto porque, para enfrentar as mudanças climáticas, é necessário que os agentes da cadeia de valor da construção reduzam seus impactos ambientais, e que essa ação seja percebida e valorizada por todas as partes interessadas -- e não apenas que façam um estudo de ACV e o coloquem na gaveta”, diz.
Fruto de uma parceria estratégica entre o Ministério das Minas e Energia (MME), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), com recursos da União Europeia e do governo federal da Alemanha, no âmbito do programa SPIPA -- Strategic Partnerships for the Implementation of the Paris Agreement (Parcerias Estratégicas para a Implementação do Acordo de Paris), o SIDAC ainda conta com o apoio de um comitê executivo, integrado pelos organismos que o financiaram, e órgãos do governo, que poderão utilizar a ferramenta para elaborar políticas públicas de incentivo à construção sustentável.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
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