ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Técnica inovadora obtém materiais vitrocerâmicos com economia de tempo e de energia

Pesquisadores desenvolveram, testaram e depositaram a patente de uma nova rota de obtenção de vitrocerâmicas por meio da cristalização ultrarrápida de vidros.

Pesquisadores do Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), vinculado ao Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros (CeRTEV), desenvolveram, testaram e depositaram a patente de uma nova rota de obtenção de vitrocerâmicas por meio da cristalização ultrarrápida de vidros.

O CeRTEV é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fapesp sediado na UFSCar.

A tecnologia tem potencial de diversificar as propriedades e, assim, as aplicações dessa classe de materiais, já presente em telas de celulares, peças de fogões (cooktops) e eletrólitos sólidos de baterias, dentre outros dispositivos. Até o momento, fora dos laboratórios de pesquisa, a técnica, chamada de flash-sinter crystallization, é utilizada por apenas uma empresa em todo o mundo para a produção de cerâmicas, mas não de vitrocerâmicas.

Vitrocerâmicas são uma classe de materiais obtidos a partir da cristalização do vidro. Nesse processo, o vidro é aquecido e ganha frações maiores ou menores de fases cristalinas, ou seja, cristais nos quais os átomos estão organizados espacialmente em padrões que se repetem ao longo do material. Um desafio é o controle desse processo de organização, ou seja, da nucleação e do crescimento dos cristais, que pode levar horas pela rota de vitrocerâmica clássica.

Com a utilização da técnica, que recebe em seu nome o flash justamente pela rapidez com que o processo ocorre, os pesquisadores do LaMaV conseguiram produzir vitrocerâmicas densas em segundos. Além do tempo, a temperatura exigida também é muito mais baixa, o que resulta em grande economia de energia.

A nova técnica foi trazida ao LaMaV por João Vitor Campos, hoje pesquisador de pós-doutorado no laboratório e bolsista da Fapesp. Ele a estudou durante o seu doutorado, concluído em 2020 na Universidade de São Paulo (USP).

No entanto, o uso anterior foi em materiais cerâmicos, apenas para sinterização, ou seja, transformação de pó cerâmico em um objeto sólido, por meio de compactação e aquecimento. A diferença no trabalho concretizado na UFSCar é a realização concorrente de sinterização e cristalização de pó de vidro, alcançada pelo desenvolvimento de software que controla com precisão o campo e a corrente elétrica empregados durante o aquecimento do material vítreo para, assim, transformá-lo em uma vitrocerâmica.

Para testar o procedimento, Campos obteve material vitrocerâmico com a propriedade de condutividade iônica necessária à aplicação em dispositivos para armazenamento de energia, mas a invenção pode levar a novos materiais, ou à otimização de materiais já existentes, visando melhores propriedades e, assim, aplicações diversas.

Os pesquisadores seguem investigando o uso da nova técnica, tendo como objetivo, além dessas aplicações, a otimização de outras características dos materiais obtidos, como, por exemplo, o contorno de grãos com condutividade elétrica otimizada e a orientação durante a cristalização, da mesma forma que o uso de vidros precursores diferentes dos já empregados.

Empresas interessadas no licenciamento da tecnologia para parceria nesse processo de desenvolvimento podem entrar em contato com a Agência de Inovação da UFSCar pelo e-mail inovacao@ufscar.br ou telefone (16) 3351-9040.

 

Fonte: Agência Fapesp

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