Pesquisadores desenvolvem película transparente à base de ouro para óculos
Clima frio, úmido, chuva e até mesmo a respiração. Uma simples mudança de temperatura pode causar transtornos para os usuários de óculos e deixar as lentes embaçadas e incomodar. Entretanto, como a mineração pode ser uma aliada na solução deste problema?
Pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, desenvolveram uma película transparente à base de ouro. Ela consegue converter a luz do sol em calor, evitando, assim, o processo de embaçamento.
Como funciona
A diferença de temperatura entre a superfície e o ambiente gera a condensação de pequenas gotas de água, provocando o embaçamento das lentes. A película suíça adota um método diferente das tecnologias antiembaçantes convencionais. Elas têm moléculas com capacidade de atrair a água para propagar a condensação de maneira uniforme.
Na nova técnica, o vidro mantém uma temperatura capaz de permitir a evaporação das gotículas que se acumulam nas lentes por meio de um filme protetor formado por partículas de ouro.
Os professores do instituto suíço e líderes do grupo de pesquisa publicada na Revista Nature Nanotechnology, Dimos Poulikakos e Thomas Schutzius, explicaram que o revestimento de ouro é nanoscopicamente fino e absorve cerca de 30% da radiação solar.
O aquecimento foto induzido resultante evita ou atenua o embaçamento em superfícies transparentes.
O docente e pesquisador do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), Euclydes Marega Junior, explicou para o jornal Correio Braziliense:
“A tecnologia coloca essas pequenas partículas de ouro de uma forma ordenada, formando um filme bem fino, que não atrapalha a visão. Quando a luz solar atinge essas pequenas partículas, elas esquentam em alguns graus. Como a gotícula de água é muito pequena, evapora rapidamente“, detalha.
Minerais presentes na produção dos óculos
A película é tão fina que não interfere na luz visível, aquela que o olho enxerga, mas absorve infravermelho para esquentar um pouco a superfície do vidro. Além das partículas de ouro, o revestimento tem duas camadas ultrafinas de óxido de titânio.
Trata-se de um material eletricamente isolante, que engloba o ouro, formando uma espécie de sanduíche. A união das camadas aumenta a eficácia do aquecimento.
A combinação dos dois metais também traz outra vantagem. Como o ouro não absorve a radiação ultravioleta, a camada superior de óxido de titânio atua como um acabamento de proteção para a película e para os olhos de quem usa os óculos. Esta mesma tecnologia pode ser aplicada em pára-brisas de carros e janelas.
Custo x benefício
O melhor é o custo. Segundo Iwan Hächler, um dos criadores da solução tecnológica, mesmo que o elemento principal seja ouro, o revestimento requer tão pouco do material que os custos de confecção permanecem baixos.
“Tem cerca de 5mm, sendo mil vezes mais fino que um fio de cabelo humano. Significa que, no fim, usamos apenas uma quantidade mínima de ouro”, afirma. “Para um par de óculos de visão, isso soma cerca de US$ 0,20. Portanto, é basicamente insignificante em termos de custos.”
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Fonte: Portal da Mineração com informações da revista Nature Nanotechnology e do jornal Correio Braziliense
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