Pesquisa mostra cenário das áreas de inovação e P&D na indústria brasileira
A Beta-i Brasil, empresa de inovação colaborativa com atuação em 25 países, realizou a pesquisa “Collab trends deep tech”, com o objetivo de explorar como as áreas de inovação aberta e pesquisa e desenvolvimento (P&D) de grandes corporações atuantes no território nacional se relacionam aos desafios deep tech. A amostragem contou com a participação de grandes empresas (multinacionais, nacionais e públicas).
Deep techs são empresas de base científica, com foco em etapas intermediárias da cadeia produtiva, com potencial para se tornar uma necessidade básica difundida e fácil de implementar no futuro, podendo incluir inteligência artificial, robótica, blockchain, ciência de materiais avançada, fotônica e eletrônica, biotecnologia e computação quântica.
Foram contemplados na análise vários segmentos, como o do agronegócio, alimentos e bebidas, bens de capital, beleza e cosméticos, biotecnologia, construção e imóveis, mineração e siderurgia, química, papel e celulose, saneamento, saúde, serviços financeiros, tecnologia e outras instituições.
Nos últimos 40 anos, o Brasil passou por uma forte desindustrialização, que fez com que a participação da indústria saísse de 27,5% do PIB em 1985 para 18% em 2021. Ainda assim, 69% de tudo o que é investido em P&D no Brasil vem da indústria. No período de 2016 a 2019, o aporte em inovação de processos e produtos cresceu 33,4% – de R$ 12,7 bilhões para R$ 16,9 bilhões.
A pesquisa, realizada pela primeira vez no Brasil, traz vários dados relevantes, entre eles que a área de inovação aberta possui menos autonomia que P&D e, geralmente, não possui orçamento próprio. Houve uma tendência dos gestores entrevistados em entender a atuação da área de inovação relacionada a novos negócios, por ter uma visão externa à organização do que está acontecendo no mercado.
Ao mesmo tempo, o P&D fica próximo à matriz e em centros que fomentam e investem em iniciativas tecnológicas. Dessa forma, empresas multinacionais com presença no Brasil esbarram no fato dessas áreas serem sediadas nas suas matrizes estrangeiras ou em polos tecnológicos consolidados.
Outra constatação é que a área de inovação ainda precisa provar constantemente seus resultados e seu valor para justificar sua existência e seu investimento para a organização. Dessa forma, um dos principais desafios identificados é a busca por alternativas de mensuração para demonstrar seus resultados para a corporação, mesmo que esses resultados sejam indiretos. Por outro lado, a colaboração entre players de um mesmo setor contribui com a aceleração da inovação e expande as fronteiras para novas possibilidades que, por vezes, podem não estar no "radar" da empresa como uma oportunidade potencial a ser explorada.
Com o objetivo de sanar alguns desses desafios, a parceria com especialistas externos é uma alternativa que a grande maioria dos entrevistados afirmou recorrer atualmente, principalmente no que tange a projetos relacionados a deep tech. Por outro lado, foi possível constatar que as empresas que querem desenvolver projetos dessa complexidade enfrentam dificuldades de encontrar startups brasileiras com maturidade suficiente e, dessa forma, recorrem a empresas estrangeiras.
“Grande parte das empresas entrevistadas possui uma equipe de P&D altamente qualificada que, embora procure opções externas para efetivar potenciais colaborações, muitas vezes não possui os meios adequados para chegar a tal caminho, seja ele startups ou centros de inovação. É aqui que a conexão entre as áreas de P&D e de inovação aberta se torna fundamental”, explica Olinda Canhoto, gestora de projetos com experiência em deep techs na Beta-i Brasil.
A íntegra da pesquisa pode ser acessada em https://deeptech.betaicollabtrends.com/.
Fonte: Boletim Fapesp Pesquisa para Inovação (https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/
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