Painel da ABM Week aborda a situação da emissão de CO2 pela siderurgia brasileira e planos para mitigação
Frente à aceleração dos impactos ambientais e das mudanças climáticas registrados em todo o mundo, a sustentabilidade tem se fortalecido como tema de interesse e compromisso da comunidade e do setor produtivo. E para discutir o cenário atual da emissão de CO2 pela indústria siderúrgica no Brasil, bem como analisar planos para a amenização dos efeitos no meio ambiente, o último dia da ABM Week reuniu especialistas representantes da Vale, Vallourec Florestal, SMS Group e Instituto Aço Brasil para discutirem sobre o assunto no painel “Aspectos técnico-econômicos da descarbonização da siderurgia brasileira”.
Cristina Yuan, Diretora de Assuntos Institucionais do Instituto Aço Brasil, abriu o painel abordando um amplo panorama sobre o mercado de carbono e os planos para a descarbonização da siderurgia brasileira. “Nós acompanhamos no dia a dia notícias e preocupações sobre o aquecimento do planeta, e para garantir um futuro para nossas próximas gerações, devemos estar comprometidos em adotar iniciativas de descarbonização, tanto por parte dos governos, quanto do setor privado e das organizações civis. O Brasil se comprometeu em reduzir em 37% a emissão de CO2 até 2025 e em 43% até 2030, e no país, a siderurgia é responsável por 4% destas emissões”, pontuou Yuan.
A Diretora de Assuntos Institucionais do Instituto do Aço Brasil abordou ainda possíveis soluções para o início da transformação rumo a uma siderurgia mais sustentável. Segundo Yuan, “para acelerar nosso processo de descarbonização, precisamos de uma linha de financiamento para enfrentarmos os impactos da transição energética, além de fundo perdido destinado para instituições de pesquisa para estudos no setor, e uma maior oferta de gás natural a preços mais competitivos”, afirma a diretora, que pontuou a disparidade na tarifa do gás natural no Brasil em relação ao mundo.
Maior produtora de minério de ferro, pelotas e níquel e também com operações de manganês, ferroligas, cobre, ouro, prata e cobalto, a Vale foi representada no painel por seu Diretor Tecnored e Processos Siderúrgicos, Steve Potter, que apresentou o cenário de desafios para a descarbonização da siderurgia brasileira. De acordo com Potter, estima-se que a descarbonização da siderurgia no mundo possa custar de U$ 1 a U$ 3 trilhões, um alto investimento em tecnologias que ainda apresentam um ambiente de negócios incerto. O custo da energia renovável também é apontado pelo representante da Vale com um impasse, pois o valor varia de formas diferentes, a depender da fonte energética, com uma volatilidade que impacta diretamente no lucro das plantas siderúrgicas.
Durante o painel, a nova era tecnológica na produção de carvão vegetal foi tema da fala de André Dezanet, General Manager da Vallourec Florestal, que apresentou o potencial do carvão vegetal na siderurgia em substituição a combustíveis fósseis. “A tecnologia de produção de carvão vegetal tem evoluído ao longo do tempo em função das demandas e, neste momento, as demandas pautam a descarbonização. No Brasil, por questões favoráveis de clima, conseguimos preparar florestas para produção de carvão vegetal a partir de 6 anos, enquanto em outros países a fase produtiva destas áreas chega apenas aos 35 anos”, afirmou Dezanet. Com foco na responsabilidade ambiental, o executivo informou ainda que nas florestas destinadas à produção de carvão vegetal, a cada 100 hectares, 40 são destinados à preservação da vegetação nativa.
Em sua fala, Dezanet apresentou a Carboval, tecnologia de carbonização contínua desenvolvida pela Vallourec e 100% brasileira. A técnica aumenta a eficiência do processo e o aproveitamento dos subprodutos da carbonização da madeira, reduzindo a emissão de CO2 por meio da utilização do carvão vegetal em substituição a combustíveis fósseis em operações siderúrgicas, além de ter zero emissão de metano, gás do efeito estufa.
Fechando o painel, Peter Kinzel, Vice-Presidente Assistente do Grupo SMS, abordou em sua fala um panorama sobre a fabricação de aço verde com minérios de ferro de baixo teor. Kinzel revelou que a companhia está com um projeto em construção no exterior para a primeira planta do mundo de produção de aço verde com utilização de hidrogênio como energia, que trará uma redução de 95% na emissão de CO2 no processo siderúrgico e a previsão de conclusão é para o ano de 2025. O vice-presidente afirmou ainda que, em locais onde não há hidrogênio verde disponível para uso nas siderúrgicas, uma alternativa possível e em teste é o uso de amônia (2 NH3) verde para produção de energia a partir da separação do hidrogênio (2 H2) presente na molécula.
A 7ª edição da ABM Week tem a Usiminas como anfitriã e conta com o patrocínio das seguintes empresas: ArcelorMittal, Gerdau, Braincube, Calderys, Carboox, CBMM, DME Engenharia, IBAR, Primetals, PSI Metals, RHI Magnesita, Shinagawa, SMS Group / Paul Wurth / Vetta, Ternium, Vale, Vesuvius, Villares Metals, White Martins, Aperam, Clariant, Danieli, Dassault Systemes, Harsco, Phoenix, Polytec, Reframax, Russula, Tenova, Sinosteel, Weir, Yellow Solutions, AçoKorte, Alkegen, Atomat, BRC Global Rolls, Carmeuse, CISDI, D&M, Derrick, Eirich, Enacom, Engineering, ESW, Evonik, Fluke, Fosbel, Gecal, IMS Messsysteme GmbH, Kofre Tecnologia, Köppern, Küttner, Magna/Magnesium do Brasil, Nalco Water, RIP, Spraying Systems, Suncoke Energy, Tecnosulfur, Timken, Vamtec Group, Veolia, Belge e Delp.
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