Estudo do Instituto Tecnológico Vale pode recuperar áreas desmatadas e reduzir emissões CO2
No dia15 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Conservação do Solo. A data foi instituída pela Lei 7.876, por iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o intuito de desenvolver o pensamento crítico na população sobre a importância da correta utilização do solo, como um recurso natural para a produção de alimentos.
Porém, mais do que a conscientização sobre o manejo, entender as propriedades bioquímicas de determinados microrganismos e como eles atuam na absorção de nutrientes tem sido um passo importante para atestar a recuperação e o enriquecimento dos solos em ecossistemas florestais. A técnica, que vem sendo desenvolvida ao longo de dois anos pelo Instituto Tecnológico Vale, instituição sem fins lucrativos, que atua por meio do ITV Desenvolvimento Sustentável, em Belém (PA), avalia a atividade bioquímica do solo por meio de indicadores químicos, físicos e de marcadores moleculares avançados.
Como explica Rafael Valladares, microbiologista do solo, engenheiro agrônomo e pesquisador do ITV, os microrganismos exercem um papel fundamental para a manutenção da vida no planeta. “Sem eles não haveria, por exemplo, a conservação de alimentos nem os medicamentos. No corpo humano também são fundamentais para manutenção da vida. Uma microbiota de qualidade é, portanto, essencial para um solo saudável. Esses microrganismos promovem o crescimento de plantas, fixam nitrogênio e carbono, além de, em muitos casos, suprimir a dispersão de gases do Efeito Estufa (GEE)”, detalha Rafael.
O estudo do ITV é um dos balizadores para a verificação do atingimento da meta florestal da Vale. Em 2018, a companhia anunciou seis compromissos em sustentabilidade a serem alcançados até 2030, em colaboração à agenda da ONU, entre eles proteger e recuperar 500 mil hectares de áreas para além de suas fronteiras. Esse compromisso florestal voluntário é um dos mais robustos do setor mineral, e deverá contribuir para um outro objetivo da Vale de zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050.
Os dados coletados pelos pesquisadores da ITV compõem um diagnóstico completo do solo. Atualmente eles proveem dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) em empreendimentos que contam com investimentos do Fundo Vale. “O foco hoje é estimular a bioeconomia local. Posteriormente, a técnica desenvolvida pelo ITV, também poderá ser aplicada pelo mercado externo na recuperação de áreas desmatadas”, avalia Rafael.
Para criar o framework da análise, nos primeiros dois anos da pesquisa, foram selecionadas três áreas próximas à reserva natural da Vale em Linhares, Espírito Santo, respectivamente, um sistema agroflorestal de seringueira com cacau; um de cabruca (forma de plantar cacau na Mata Atlântica); e outra agrofloresta com várias culturas recém-implantada. “Comparamos os três com uma pastagem bem degradada, que era o nosso controle negativo, e com uma floresta nativa da região, que era o referencial máximo positivo em conservação. Por meio do comparativo das amostras de cada solo identificamos mais de 500 proteínas e criamos um score para balizar a metodologia”, detalha o pesquisador.
O grande diferencial da pesquisa desenvolvida no ITV é a utilização de técnicas moleculares para medição de atividade microbiana em diferentes cenários. Rafael explica que a partir da análise de genes e proteínas no solo é possível saber quais os microrganismos existem em uma determinada área e, consequentemente, identificar como se dá o processo de fixação de carbono no solo de uma determinada região e traçar quais são as melhores práticas, a fim de regularizar as taxas de estoque e emissão de carbono pela atividade agrícola.
Além de permitir a adoção de práticas agrícolas mais adequadas às necessidades do solo, a pesquisa também tem impacto direto no controle das mudanças climáticas. Isso porque, o balanço de carbono é um dos principais fatores que influenciam nessas mudanças.
Fonte : Assessoria de Imprensa da Vale
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