Engenheiros da USP criam peças cerâmicas com TVs e computadores antigos
Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um novo esmalte para revestimentos cerâmicos feito com o vidro das telas das TVs de tubo e de monitores de computadores antigos.
Além de ser uma nova opção de reciclagem para o lixo eletrônico, a nova receita para os esmaltes cerâmicos tem o processo de produção mais barato e rápido em comparação ao convencional encontrado no mercado e ainda consome menos energia.
A pesquisa foi realizada em colaboração com a Superintendência de Gestão Ambiental da USP, do Recicl@tesc e do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação em Vidros (CeRTEV), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão ( CEPID ) da Fapesp sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Os cientistas criaram uma nova receita para os esmaltes cerâmicos, que normalmente são compostos de pó de argila, pó de caulim e pó de frita, a matéria-prima mais cara na produção do esmalte, usada para dar liga no produto após a queima.
Os autores da pesquisa substituíram 20% da frita pelo vidro do painel dos equipamentos, um dos três diferentes tipos de vidro que compõem os tubos de aparelhos televisores e monitores, e, assim, encontraram uma finalidade para esse resíduo que antes poderia poluir o meio ambiente, pois o tubo não desmontado corretamente carrega substâncias tóxicas.
Eduardo Bellini Ferreira, professor da EESC e coordenador da pesquisa, explica que o esmalte cerâmico é o responsável por proteger as peças, sejam elas um azulejo, uma caneca ou um vaso sanitário.
“O esmalte tem funções técnicas e estéticas. Ele impermeabiliza e dá durabilidade à peça. Se a cerâmica não for esmaltada, ela vai sugar qualquer líquido que entre em contato. Além de manchar o produto, é muito anti-higiênico”, afirmou Ferreira.
Para chegar à inovação, os pesquisadores testaram diferentes quantidades de vidro reciclado no lugar da frita até encontrar o ponto ideal. Eles contaram com a ajuda de ferramentas computacionais que calculam as propriedades das composições baseadas em milhares de dados encontrados na literatura científica.
Depois de produzir a substância para substituir a frita nos laboratórios da USP, o novo esmalte foi testado em parceria com o Centro Cerâmico do Brasil, localizado em Santa Gertrudes (SP). Lá, a solução foi aplicada em cerâmicas simulando um processo industrial.
O professor da EESC conta que não é simples reciclar os vidros encontrados em tubos de TVs antigas e monitores de computadores, já que na composição destes aparelhos há substâncias tóxicas. “Não é qualquer pessoa que pode abrir este tipo de equipamento”, ressaltou.
O novo esmalte pode ser vendido tanto para produtores de frita como para fabricantes de esmalte
Fontes: Boletim Fapesp Pesquisa para Inovação (https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/) / Jornal da USP
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