ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Dia do Engenheiro Metalurgista: confira dicas e curiosidades sobre a profissão

10 de abril é a data que homenageia os profissionais responsáveis por estudar e desenvolver ligas metálicas, desde sua extração da natureza até sua transformação em produtos finais

Fonte: Assessoria ABM

Especializado em trabalhar com o beneficiamento de minérios, sua transformação em metais e ligas metálicas e suas aplicações na indústria, o engenheiro metalurgista é um profissional essencial para o desenvolvimento e a manutenção do setor industrial do Brasil, responsável por mais de 20% do PIB nacional, segundo dados do Governo Federal. Devido ao papel fundamental que desempenham na economia do país, os profissionais dessa área são reconhecidos no dia 10 de abril, data em que é celebrado o Dia do Engenheiro Metalurgista.

No Brasil, há cerca de cinco mil engenheiros metalurgistas em atuação, de acordo com dados do Sistema Confea/Crea, formado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e pelos Conselhos Regionais da categoria. Entre eles, está Marcelo Carboni, gerente global de pesquisa & desenvolvimento da Vesuvius Sensors & Probes e membro da comissão técnica de Fusão, Refino e Solidificação da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), que acumula mais de 25 anos de experiência no setor e destaca a ampla gama de atuação de profissionais com formação na área como um dos principais pontos positivos para os interessados nela.

“O engenheiro metalurgista é um profissional especializado em trabalhar com metais e ligas metálicas, podendo atuar em diferentes aspectos da produção e aplicação destes materiais. Suas atribuições técnicas podem incluir: especificações de materiais metálicos para diferentes aplicações, especificação e otimização de processos produtivos de metais, ligas, peças e produtos metálicos (passando desde a fase final de extração e processamento de minérios, processos de redução, fusão, refino e solidificação de metais, conformação mecânica, processos de usinagem e acabamento e até manufatura aditiva de metais e ligas), controle de qualidade e ensaios de materiais metálicos, análise de falhas e perícias em materiais metálicos, pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e novos processos produtivos”, explica Marcelo Carboni.

 

Formação necessária para atuar na área

 A graduação em Engenharia Metalúrgica é a principal porta de entrada para a profissão. Com duração de 10 semestres, a graduação inclui o ciclo básico de engenharia, com matérias como física e matemática, sendo a parte de química um componente muito forte no curso, como explica Fulvio Siciliano, engenheiro metalurgista, consultor da Dynamic Systems Inc./Gleeble, professor do Programa de Pós-Graduação do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) e membro da comissão técnica de Conformação e Produtos Metálicos da ABM. 

“O engenheiro metalurgista estuda processos metalúrgicos de produção de metais, a parte física dos materiais (a microestrutura) e as propriedades de aplicações dos materiais. A partir dessa formação, o profissional pode atuar com diferentes processos em empresas ligadas à Metalurgia e Mineração ou mesmo em instituições acadêmicas com pesquisa na área”, diz o profissional graduado e mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), e Ph.D. na Universidade McGill, no Canadá.

No Brasil, 11 instituições de ensino superior oferecem o curso de Engenharia Metalúrgica. “A formação universitária é essencial para adquirir conhecimentos teóricos e práticos nas áreas de metalurgia, ciência dos materiais, processamento de materiais metálicos, controle de qualidade, entre outros. Já os estágios em empresas do setor durante a graduação são recomendados para adquirir experiência prática e conhecer o funcionamento da indústria”, sugere Marcelo Carboni, graduado e mestre em Engenharia Metalúrgica pela Poli-USP. “A combinação da formação educacional/acadêmica e experiência prática são fundamentais para que um engenheiro se torne qualificado para atuar de forma eficiente e segura no campo da engenharia metalúrgica”, complementa o profissional.

Após a formação, é possível obter certificações específicas na área de metalurgia e se associar a entidades profissionais, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), para obter registro como engenheiro metalúrgico e continuar se atualizando sobre as tendências e regulamentações do setor, e a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), que há quase 80 anos promove a geração e difusão de conhecimento técnico-científico no Brasil.

Os profissionais podem continuar seus estudos, aprofundando ainda mais seus conhecimentos em seu campo de atuação. “Alguns profissionais optam por fazerem cursos de pós-graduação, como mestrado ou doutorado, para se especializar em áreas específicas da metalurgia ou desenvolver pesquisas acadêmicas. Outra opção bastante apreciada pelo mercado são especializações técnicas em processos específicos ou cursos livres em temas bastante focados, como os que a ABM oferece”, indica Carboni.

“É sempre muito importante que um engenheiro metalúrgico busque aprimorar seus conhecimentos técnicos através de mestrado e doutorado na área”, aconselha Carlos Humberto Sartori, gerente técnico da Villares Metals S.A., vice-coordenador da comissão técnica de Moldes, Matrizes e Ferramentas da ABM, engenheiro metalúrgico formado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), mestre em Engenharia Metalúrgica pela Poli-USP e doutorando em Engenharia Metalúrgica também pela Poli-USP.

 

Mercado de trabalho

Um engenheiro metalurgista possui uma ampla gama de opções de atuação em diferentes setores da indústria, já que pode estar envolvido em todas as etapas da produção, desde o processamento de minérios até a fabricação de produtos finais.

“O engenheiro metalurgista pode atuar em mineradoras, na parte de redução de concentrados minerais, onde ainda não existe o metal; e também em metalúrgicas, na Metalurgia da Transformação, transformando o metal em estuado bruto para que seja a matéria-prima a ser utilizada em algum produto, seja para fazer um carro, um navio, uma cadeira, o reforço de um sapato, uma caixa de um computador. Também pode trabalhar na área de propriedades e caracterização dos metais”, explica Fulvio Siciliano.

Assim, os campos de trabalho são vastos, incluindo indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, automobilísticas, aeroespaciais, de mineração, petroquímicas, construção civil, tecnologia, entre outras.

Além das indústrias, os engenheiros metalurgistas também podem trabalhar em empresas de consultoria, laboratórios de pesquisa, instituições de ensino e órgãos governamentais, onde podem realizar estudos técnicos, projetos de inovação e contribuir para o avanço da ciência dos materiais e da metalurgia. “O engenheiro metalurgista busca desenvolver processos de produção eficientes, selecionar materiais adequados para aplicações específicas e sempre estudar soluções inovadoras para desafios na área da metalurgia”, fala Carlos Humberto Sartori.

 

Desafios da profissão

A profissão de engenheiro metalurgista apresenta diversos desafios que fazem parte do dia a dia e do desenvolvimento da carreira.  “O primeiro e maior dos desafios constantes na área da metalurgia é acompanhar e aplicar as inovações tecnológicas. Novos materiais, processos e técnicas de produção surgem regularmente, exigindo que os engenheiros metalurgistas estejam sempre atualizados e capacitados para implementar essas novidades em seus projetos”, fala Carboni, encontrando ressonância em Siciliano. “É essencial se manter atualizado, bem conhecedor dos processos em que atua, se aprofundando ao máximo na área. É tentar dominar a teoria e a prática das coisas que faz”, aconselha o professor Fulvio Siciliano.

“Além dos desafios diários de lidar com a complexidade dos processos, controles de qualidade rigorosos e sustentabilidade associada à indústria metalúrgica, o engenheiro metalurgista precisa atuar bem de perto com diversos setores para corrigir especificações inadequadas feitas por não-metalurgistas tomando decisões que exigem profundo conhecimento de metalurgia”, diz Sartori.

Aliás, a sustentabilidade ambiental é uma das tendências da indústria. “Com a crescente preocupação com o meio ambiente, os engenheiros metalurgistas enfrentam o desafio de desenvolver e adotar práticas mais sustentáveis na indústria. Isso inclui a redução do consumo de energia, a minimização de resíduos e emissões poluentes, em especial gases de efeito estufa, e a busca por materiais e processos mais ecoeficientes”, destaca Carboni.

 

Dicas e conselhos de profissionais da área

Veteranos e destaques em suas áreas de atuação, os engenheiros metalurgistas consultados para a matéria dão conselhos para as novas gerações entre eles o de se capacitar para exercer a profissão.

“Metalurgia é uma disciplina bastante complexa e repleta de detalhes. Adquirir a bagagem técnica necessária para desempenhar a profissão de engenheiro metalurgista exige tempo, dedicação, organização e vontade de aprender sempre. Minha principal dica a estudantes e profissionais em início de carreira é que busquem estágios com ampla exposição a laboratórios, acompanhamento de processos e discussões com profissionais experientes”, fala Sartori.

“Ao longo de minha carreira, conheci excelentes profissionais que aos poucos foram ficando para trás por falta de atualização, por isso meu conselho é: nunca pare de estudar. Por mais que a metalurgia seja uma indústria tradicional, muitas inovações aconteceram nos últimos anos e estão acontecendo cada vez mais e mais rapidamente. Para dar um exemplo simples: trabalhei toda minha carreira até hoje no segmento de siderurgia; quando eu concluí minha graduação, cerca de 75% das especificações de aço em uso atualmente não existiam”, exemplifica Carboni. 

Investir em habilidades de comunicação e interpessoais é o conselho dado por Carboni. “Habilidades de comunicação são importantes e muitas vezes negligenciadas por nós engenheiros. Enquanto as habilidades interpessoais são o maior acelerador de carreira que eu conheço. É preciso saber apresentar um projeto, vender uma ideia, conceito ou produto, escrever bem um texto técnico ou relatório, ser articulado em conversas, saber buscar informações por todos os meios possíveis. Essas são habilidades necessárias diariamente na rotina do engenheiro, assim como manter o bom relacionamento, respeito e abertura a ouvir genuinamente as pessoas”, elenca o profissional há mais de duas décadas no mercado de trabalho.

Além de uma formação sólida, é preciso também cultivar bons relacionamentos. “Networking abre muito mais portas do que um currículo bem desenvolvido. Participe de tudo que você conseguir: palestras, conferências, workshops, seminários. Faça contatos, pergunte, se exponha, demonstre interesse. Não tenha vergonha excessiva; se quer visitar uma empresa ou instituto, peça. O máximo que vai acontecer é receber um educado ‘não’ naquele momento. Se tiver a oportunidade de apresentar algum conteúdo, apresente. Se precisar ser em inglês, não tenha vergonha. Faça sempre seu melhor, avalie seu desempenho e resultados e identifique onde você tem que melhorar. Mas não espere ser ótimo para começar a fazer – aprenda durante a jornada”, fala Carboni.

Ter ética e honestidade também é o ponto essencial na carreira de todo e qualquer profissional. “Para ter longevidade na carreira, além do trabalho e do interesse, é preciso ter honestidade e altos valores éticos e morais. É preciso ter valores para não pisar na cabeça de ninguém para subir na carreira”, diz Siciliano, cujo conselho pode ser aplicado a todas as esferas da vida. “O mercado de engenharia metalúrgica é muito específico, ou seja, as pessoas que atuam nesse mercado se conhecem e trocam informações. Portanto é absolutamente fundamental ter uma conduta ética e responsável”, frisa Carboni. 

 

Eventos para compor networking na área

Anualmente, engenheiros metalurgistas têm acesso a uma gama de encontros que contribuem para a formação de networking na área. Entre eles está a ABM Week, maior evento técnico-científico da América Latina para os setores de metalurgia, mineração e materiais. A 8ª edição da ABM Week ocorre entre os dias 3 e 5 de setembro de 2024, no centro de eventos Pro Magno, localizado na cidade de São Paulo. Para saber mais, acesse: https://www.abmbrasil.com.br/por/evento/abm-week-8-edicao

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