ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Brasil tem potencial para liderar a transição energética com o uso do hidrogênio

Painel realizado na ABM Week 2024 discutiu a viabilidade do hidrogênio para a descarbonização da cadeia de ironmaking no Brasil

Fonte: assessoria ABM

O último dia da ABM Week 2024, o maior evento técnico-científico da América Latina voltado para os setores de metalurgia, materiais e mineração, trouxe uma importante discussão sobre a viabilidade do hidrogênio para a descarbonização da indústria siderúrgica no país. Organizado pelas Comissões Técnicas de Mineração, Redução e Aglomeração da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), com a coordenação e moderação do Consultor José Murilo Mourão, o Painel “Viabilidade do hidrogênio para a descarbonização da cadeia de ironmaking no Brasil” foi realizado na manhã do dia 5 de setembro, no Auditorium ArcelorMittal, no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo, contando com a participação de pesquisadores e especialistas no tema.

O painel trouxe as contribuições de Maria Emilia Peres, Sócia da Deloitte Brasil para Estratégia em Inovação e Sustentabilidade; Mariana Cuartas, Engenheira Ambiental e Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Air Liquide Brasil; Pasquale Cavaliere, Professor de Metalurgia da Universidade de Salento, em Lecce, na Itália; e Thiago Campos, Head of Green Steel – Metallurgy do SMS Group. Com diferentes contribuições, de acordo com suas áreas de atuação, uma visão foi compartilhada por todos: há muitos desafios, mas o Brasil tem potencial para liderar a transição energética com o uso do hidrogênio. 

Maria Emilia Peres, Sócia da Deloitte Brasil para Estratégia em Inovação e Sustentabilidade

Para Maria Emilia, da Deloitte Brasil, o sucesso do uso do hidrogênio vai depender, principalmente, do investimento em tecnologia, sendo um desafio complexo, mas possível. A especialista aponta que a descarbonização precisa estar na pauta dos C-levels, a transição energética deve fazer parte das estratégias das empresas. “É preciso buscar a conscientização, olhando um pouco mais à frente e não só a curto prazo. É importante que os líderes saibam o tamanho do desafio, mas também consigam olhar para as grandes oportunidades. A transição para uma economia de baixo carbono deve fazer parte da estratégia core das empresas de qualquer setor, isso deve estar muito bem integrado, em uma visão sistêmica”, aponta. 

De acordo com Maria Emilia, as estimativas indicam que o hidrogênio verde traga, globalmente, 1,5 milhão de novos empregos. Além disso, os impostos sobre o carbono podem tornar o hidrogênio verde mais competitivo em relação aos combustíveis fósseis. “Precisamos repensar sobre os modelos de negócio em busca dessa transição energética. O Brasil tem um grande potencial à frente de vários setores de tecnologia nesse processo, há muitos esforços que já vêm sendo feitos em termos de políticas públicas e parcerias globais nesse sentido”, completa.  

Mariana Cuartas, Engenheira Ambiental e Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Air Liquide Brasil  

O cenário do Brasil diante de outros países 

A Engenheira Ambiental Mariana Cuartas apresentou exemplos de iniciativas realizadas pela Air Liquide, empresa líder mundial em gases, tecnologias e serviços para a Indústria e Saúde, voltadas para a descarbonização a partir do uso do hidrogênio. Entre eles, está um projeto que está sendo implementado em um importante fabricante de aço na França, que busca reduzir as emissões de CO2 de suas instalações siderúrgicas em 3 milhões de toneladas/ano até 2030.   

Em comparação com os outros países, em relação à descarbonização, Mariana acredita que a indústria siderúrgica no Brasil precisa acelerar os passos para acompanhar o desenvolvimento. “Estamos trabalhando, mas há um longo caminho pela frente, em outros países como os Estados Unidos, por exemplo, há mais incentivos políticos nessa área. Tem muito dinheiro do governo americano que está sendo investido nesse processo de descarbonização”, analisa. Cuartas relata que todos os projetos que a Air Liquide realiza em outros países, gostaria de trazê-los para o Brasil, mas ainda é difícil encontrar quem pode realizar e financiar esses projetos aqui. “Nós temos um potencial gigante, inclusive para exportação, mas além da viabilidade econômica, precisamos investir também no capital humano, com formação adequada para trabalhar com essas novas fontes de energia”, pontua. 

 

Pasquale Cavaliere, Professor de Metalurgia da Universidade de Salento, em Lecce, na Itália

Outro aspecto essencial para a transição energética, de acordo com o Pasquale Cavaliere, Professor de Metalurgia da Universidade de Salento, em Lecce, na Itália, é a produção de hidrogênio a baixo custo. “A utilização de hidrogênio para descarbonização requer que a base tecnológica de todos os processos seja transformada, mudando o processo atual, e o principal aspecto é a produção de hidrogênio e, especialmente, a produção de hidrogênio a baixo custo. Porque se o custo de hidrogênio é muito alto, torna-se algo que não é atrativo economicamente para a indústria do aço”, explica Cavaliere. 

Diante disso, o docente tem desenvolvido suas pesquisas nessa área, cujos resultados foram discutidos durante o Painel. “No momento, estou trabalhando muito com as empresas de mineração para otimizar a produção de hidrogênio. Precisamos de uma boa composição e estrutura dos materiais ricos, se não, o processo é anti-econômico. Pasquale comentou ainda a importância do debate sobre a descarbonização. “Eu vejo que o assunto aqui no Brasil é muito ativo, o assunto tem muita atenção das indústrias, especialmente das empresas de mineração, então esses debates são fundamentais para o futuro da descarbonização do aço”, afirma. 

Thiago Campos, Head of Green Steel – Metallurgy da SMS group

Encerrando o Painel, Thiago Campos, Head of Green Steel – Metallurgy do SMS Group discutiu sobre os riscos e oportunidades no cenário brasileiro para a descarbonização a partir do uso do hidrogênio, avaliando a competitividade do Brasil. Campos considera que muitas empresas já demonstraram forte interesse na transição energética, mas nenhum player siderúrgico anunciou ainda um investimento significativo para que a rota de hidrogênio pudesse se tornar realidade no Brasil. “É necessário agir agora. Já existem projetos de viabilização da produção de hidrogênio verde no Brasil. O país possui hoje uma estimativa de produção com menor custo, existe uma perspectiva do Brasil ser um grande exportador de hidrogênio verde”, declara. 

O especialista afirma que as tecnologias já estão presentes, e que o país está muito próximo de chegar a uma utilização industrial. Campos cita também a importância de incentivos governamentais. Ele lembra que está em curso, no país, o Plano Trienal 2023-2025, do Programa Nacional do Hidrogênio, que tem o objetivo de fortalecer o mercado e a indústria do hidrogênio enquanto vetor energético no Brasil. De acordo com o Plano Trienal, publicado em agosto de 2023, a meta, até 2025, é disseminar plantas piloto de hidrogênio de baixa emissão de carbono em todas as regiões do país. Até 2030, o objetivo é consolidar o Brasil como o mais competitivo produtor da molécula no mundo e, até 2035, a consolidação de hubs de hidrogênio de baixa emissão de carbono. 

Sobre a  8ª  ABM Week

A ABM Week é o principal evento técnico-científico da América Latina voltado para os setores de metalurgia, materiais e mineração. Realizada anualmente pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), a conferência reúne profissionais, pesquisadores e empresas para discutir as últimas inovações e os desafios enfrentados pela indústria.

A ABM Week 8ª edição tem a ArcelorMittal como anfitriã e conta com o patrocínio das seguintes empresas: DME Engenharia, Gerdau, Vale, CBMM, Gecal, Primetals, Shinagawa, SMS group / Paul Wurth / Vetta, Ternium, Usiminas, White Martins, HWI - a member of Calderys, Carboox, Ibar, Vesuvius, Villares Metals, Aperam, Danieli, Kofre, PSI, Reframax, RHI Magnesita, Beda / Lechler, BRC, Bruker, Clariant, Cordstrap, D&M, DHM Group, DITH Refractories, GMI, Harsco, IMS, Kuttner, Lhoist, Magna, Nalco Water, Phoenix, Polytec, RIP, Russula, Sinomach, Tecnosulfur, Yellow Solutions, ABB, AçoKorte, Alkegen, Atomat, Bautek, Cisdi, Coalician Carbon, Dassault Systemes, Data Engenharia, Densit, Direxa Engineering, Eirich, ElectraClean, Enacom, ESW, Evonik, Fluke, Fosbel, GE Vernova, Hastec, Heraeus Electro-Nite, Ingersoll Rand, Intelbras, Irle Rolls, Köppern, Lumar Metals, Maud Group, Nouryon, Rimac, Serthi Hidráulica, Sinosteel, Smarttech, Solenis, Spectraflow, Spraying Systems, SunCoke Energy, Timken, TSR Mill Rolls, Vamtec Group, Veolia, Vika Controls, Vixteam, Weir e ZwickRoell.

Serviço | Painel: Viabilidade do hidrogênio para a descarbonização da cadeia de ironmaking no Brasil – 8ª ABM Week
Data: 5 de setembro de 2024
Local: Auditorium ArcelorMittal, Pro Magno Centro de Eventos - Av. Profa. Ida Kolb, nº 513, Jardim das Laranjeiras, São Paulo - SP
Mais informações:
https://www.abmbrasil.com.br/por/evento/abm-week-8-edicao

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