Brasil quer dominar tecnologia para a fabricação de baterias de íons lítio
O Brasil quer dominar a rota tecnológica de produção de baterias de íons lítio para diferentes setores industriais, como os setores automotivo, ferramentas elétricas e eletrônicos portáteis (como computadores, tablets e celulares), entre outros. Hoje o país depende da importação de células de baterias de íons de lítio para a montagem dessas baterias, pois não possui produção local nem uma cadeia de valor desenvolvida e verticalizada para suprir a demanda desse item, que é estratégico no contexto da transição energética.
Por meio de um projeto estruturante, entre Senai Nacional, Fundep (Fundação de Apoio da UFMG) e Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), serão alocados mais de R$ 60 milhões para criação do Centro de Competências para Fabricação de Baterias de Íon de Lítio no Brasil, no Instituto Senai de Inovação do Paraná. Com o Centro, o País terá uma estrutura física para montar uma unidade fabril de lotes pioneiros de baterias de íons lítio com insumos e matéria prima 100% nacional. O projeto nasceu dos debates conduzidos no âmbito do Grupo de Trabalho GT-7 Baterias de Íons Lítio, vinculado à Rede Colaborativa para Aumento da Produtividade e da Competitividade do Setor Automotivo Brasileiro (Made in Brasil Integrado – MiBI), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O MiBI foi criado pela Portaria SEPEC/ME nº 9.035, de 17 de setembro de 2021.
A fabricação de células de baterias de íons lítio envolve toda uma cadeia de valor, que inclui o setor de mineração com os minerais que contém níquel, cobre, manganês, cobalto, lítio, grafite, nióbio, alumínio e ferro, e o setor de transformação, que converte esses minerais em compostos químicos como sulfatos, cloretos e outros, em grau de pureza para aplicação em baterias de íons lítio, chamados de compostos grau bateria, que são os insumos principais para a preparação do material ativo das células de baterias de íons lítio. Um exemplo é o carbonato de lítio, já produzido pela CBL (Companhia Brasileira de Lítio). Além desses elementos, a cadeia de valor também passa pela indústria química para a fabricação do material ativo que contempla os compostos provenientes da transformação mineral e que são misturados com outros elementos como negro de fumo, ligantes e solventes, que juntos, formam o que se conhece por “slurry”, ou tinta, com uma viscosidade adequada. Essa tinta é então aplicada sobre coletores de corrente, que são lâminas metálicas de alumínio e cobre, que formam então o que chamamos de eletrodos. A partir dos eletrodos e em conjunto com o eletrólito, outro composto líquido que contém íons lítio, forma-se então a célula de bateria de íons lítio.
O projeto é considerado estratégico para o Brasil pois, com o domínio tecnológico de produção de baterias de íons lítio, exportaremos não apenas commodities, mas também compostos de maior valor agregado, criando novos produtos, empregos de maior qualificação, gerando riqueza e competências para o país. Esse projeto representa um passo estratégico para o crescimento econômico e a consolidação do país como protagonista na tecnologia de baterias.
Empresas de mineração, de metalurgia, de refino químico, laminação bem como associações, centros de pesquisa, montadores de baterias de íons de lítio e outros envolvidos com essa cadeia produtiva estão convidados a somar esforços e conhecimentos nos trabalhos conduzidos no GT-7 Baterias de Íons Lítio Baterias do MiBI.
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