Em sua 7ª edição, a ABM Week realizou uma homenagem póstuma ao professor Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros durante o encontro voltado ao debate de temas relacionados a Fundamentos e Processos Metalúrgicos, setor em que o acadêmico atuante também na indústria construiu sua renomada carreira. 

A sessão foi conduzida pelo professor Dr.André Luiz Vasconcellos da Costa e Silva, coordenador técnico da ABM Week, e Horacidio Leal Barbosa Filho, presidente executivo da ABM. Além dos mediadores, o encontro contou com palestras de acadêmicos prestigiados e a presença da professora Dra. Neuza Falleiros, viúva do professor, falecido em 18 de abril. 

“O professor Falleiros sempre foi um exemplo com suas ideias e participações, sendo muito atuante na ABM. Grande mestre em Metalografia e Metalurgia Física, teve sorte quem foi seu aluno e colega na Villares. Ele realmente fez a diferença”, declarou Leal, reiterando o respeito que a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração tem pela academia.

A sessão contou com três palestrantes, entre eles, o Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), Fernando José Gomes Landgraf que abordou o tema “Arqueometalurgia na Fábrica de Ferro de Ipanema”, que operou entre os anos de 1810 e 1919, produzindo milhares de toneladas de ferro gusa, usados para fundir moendas, canhões, rodas de vagões, chapas de fogão a lenha e outros objetos. 

“O ser humano sente necessidade de conhecer a sua história. É uma coisa mais emotiva do que racional. É claro que nós, engenheiros, aplicamos a racionalidade para construir a história da metalurgia, por exemplo. Mas a gente olha para o passado não por um objetivo que trará um resultado, pois não acho que a gente consiga aprender com os erros ou sucessos de nossos antepassados. É mais por um prazer que o homem sente de conhecer a sua história, de olhar e até reconhecer aspectos que permanecem”, afirmou.

Após a fala de Landgraf, o professor André Luiz Vasconcelos da Costa e Silva, da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou “Segregação e inclusões não-metálicas em aços para aplicações especiais”. Finalizando a série de exposições, Ronaldo Antonio Neves Marques Barbosa, consultor e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) falou sobre “Tratamento termomecânico: fundamentos, aplicações e o futuro”.

Homenagem póstuma na sessão especial Ivan Falleiros

Formado pela escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no ano de 1966, onde também concluiu o seu mestrado, doutorado e livre-docência e, mais tarde, se tornou professor titular, chegando a ocupar os cargos de vice-diretor e diretor, o professor Ivan Falleiros obteve pós-doutorado na Sussex University, na Inglaterra e dedicou sua carreira acadêmica à pesquisa nos campos de Metalografia e Metalurgia Física, orientando dezenas de trabalhos sobre temas como Cinética das Transformações de Fases, Tratamentos Térmicos, Deformação e Recristalização e Aços Altamente Ligados. 

Ao longo de sua vida profissional, Falleiros mesclou as atividades acadêmicas e de pesquisa com trabalhos nas áreas de Gestão Tecnológica (Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento, Engenharia e Controle da Qualidade) e, entre 1976 e 1997, foi responsável por setores de P&D, de Tecnologia, de Engenharia (Produto e Processos) e da Qualidade na empresa Aços Villares S.A. Por sua atuação contínua e inúmeras contribuições para o setor em que atuava, em 1985, foi contemplado pela ABM com a medalha Hubertus Colpaert.

Ao fim da sessão, o professor Helio Goldenstein, da Escola Politécnica da USP, apresentou uma retrospectiva da carreira de Falleiros, destacando sua trajetória, fatos e passagens pitorescas. “Fui o primeiro orientando do professor Falleiros e ele nos incentivava a inventar as nossas próprias respostas. Ele foi um mestre que nos ensinou a pensar e passou a vida formando pessoas, tanto na academia quanto na indústria”, destacou.

Viúva de Falleiros, a professora Neuza participou da sessão comovendo os presentes com suas palavras. “A missão dele aqui na terra foi maravilhosa. A coisa que o Ivan mais gostava de fazer na vida era pensar e a metalurgia foi o meio que ele usou para estimular as pessoas a pensarem. Os últimos dias dele foram muito felizes quando as pessoas da vida escolar e profissional iam visitá-lo. Na época, achei que a despedida tinha sido muito longa e hoje vejo que foi breve demais”, revelou Neuza.