ABM Week 2023 realiza 8 mesas redondas sobre temáticas de interesse da Indústria de Base Nacional
A 7ª edição da ABM Week terminou no dia 03 de agosto de 2023 com o número recorde de mais de 2.500 participantes, entre executivos, profissionais, pesquisadores e estudantes. Ao longo do evento, que é considerado o maior da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração, foram realizadas oito mesas redondas que contaram com especialistas em temas de grande repercussão sobre a Indústria de Base. Confira os highlights de cada debate:
Mesa 01| Economia Circular e transição energética com foco em materiais críticos e estratégicos
Essenciais para a economia global, os materiais críticos têm levado a indústria de base à reflexão de que os recursos que são abundantes hoje, podem não ser no futuro. Neste cenário, economia circular e transição energética se estabeleceram como temas de debates cada vez mais necessários para a cadeia produtiva, tendo sido abordados na primeira mesa redonda da 7ª edição da ABM Week. Participaram da mesa Beatriz Visconti Luz (CEO Exchange4Change Brasil), Enir Sebastião Mendes (Coordenador-geral de Mineração do MME), Sérgio de Freitas Monforte (Diretor de Novas Economias - Impact HUB Brasília) e o italiano Gian Andrea Blengini (Professor Politecnico di Torino).
Como representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Flavio Moraes da Mota abriu o debate destacando o compromisso do BNDES com o apoio à indústria na agenda de sustentabilidade, e reforçando que economia circular e transição energética são temas estratégicos para a organização. “Olhando para o hoje, se quisermos deixar um mundo saudável para as próximas gerações é imprescindível que tomemos ações agora no presente. Todos os setores da economia e os cidadãos precisam compreender qual é a sua contribuição na agenda da transição climática. O BNDES está junto da indústria em seu objetivo de transição sustentável para promover a reindustrialização do país, uma neo-industrialização com bases mais verdes e inclusivas”, afirma Mota.
Mesa-redonda 02| Tendências e desafios da infraestrutura logística no Brasil
Com abordagem focada na infraestrutura logística nacional para o setor de transporte, a mesa redonda contou com a participação de Horacidio Leal Barbosa Filho, Delmi Vicente de Carvalho, Vitor José Melo Soares, Fábio Grandchamp, Ilson Hulle, Guilherme Segalla de Mello, Guilherme Theo Rodrigues da Rocha Sampaio e José Geraldo Vantine, palestrantes que — junto ao público —- debateram o atual estágio da infraestrutura logística e as estratégias de investimentos, privatizações e concessões, com um olhar na integração multimodal para otimização de processos com tecnologias adequadas, que resultem em perspectivas de aumento de competitividade e crescimento econômico do Brasil.
Em sua fala, Fábio Grandchamp, Vice-Presidente de Operações da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, destacou a importância do comprometimento do setor com pautas ligadas à redução da pegada de carbono. “Trabalho com logística desde 2005, é uma área que me fascina e estar hoje aqui é uma excelente oportunidade para trocar ideias de visão de futuro e tendências. A gente tem que estar preparado para um mercado cada vez mais exigente: baixo custo, alta qualidade, compromisso ESG, transparência de dados, autosserviço, compromissos bem concretos. Sinônimo de desafio é oportunidade: criar novas fontes de receitas, novos produtos”, ressaltou Grandchamp.
Mesa-redonda 03| Descarbonização e Otimização Energética nas Aciarias
Com o objetivo de discutir a ampliação da agenda da descarbonização e a otimização energética para toda a cadeia produtiva da indústria siderúrgica, a mesa-redonda abordou a importância da transição energética também para os processos de aciarias, que transformam o ferro gusa com sucata em aço.
Em sua fala, Frederico Machado Jr, Gerente Técnico da Gerdau, chamou atenção dos participantes ao apresentar os caminhos traçados pela empresa para colocar em prática os processos de descarbonização. Em 2019, a companhia criou o Comitê de Estratégia e Sustentabilidade para nortear os investimentos a serem feitos para sustentabilidade. “A Gerdau é a indústria siderúrgica que menos emite CO2, já que tem a média de 0,93 toneladas de CO2 a cada 1 tonelada de aço produzido, enquanto a média do mundo é 1,9 tonelada de CO2 a cada tonelada de aço. Somos também a maior recicladora de sucata das Américas, com a reciclagem de 11 milhões de toneladas de sucata por ano, além de sermos a maior produtora de carvão vegetal do planeta, com 250 mil hectares plantados”, pontuou o gerente técnico da Gerdau.
Mesa-redonda 04 | Impactos das tecnologias emergentes nos modelos organizacionais e alavancagem de negócios das empresas
Tema de debates empresariais nos últimos vinte anos, a alavancagem dos negócios que abrangem avanços tecnológicos, escalabilidade e integração de soluções, bem como a sinergia entre TA, TI e a indústria 4.0, foi tema de uma das mesas da 7ª edição da ABM Week. O encontro debateu novos desafios que surgiram nesse contexto, como a necessidade de readequação do modelo organizacional, a relação entre áreas de tecnologia e negócios, a sustentabilidade das soluções e o preparo das equipes. Frente a este cenário objetivo dessa mesa redonda foi promover uma análise crítica dos modelos organizacionais, expectativas e iniciativas para consolidar estratégias de negócio eficientes por meio da tecnologia.
Participaram da sessão Horacidio Leal Barbosa Filho, Renato Cesar Braga, Constatino Seixas Filho, Roberto Picchi Junior, Flávio da Silva Almeida e Luis Carlos Maldaner, executivos de empresas ligadas ao desenvolvimento tecnológico e que apresentaram soluções e metodologias inovadoras desenvolvidas ao longo do último ano.
Mesa 05 | Desenvolvimento de novos produtos metálicos: desafios, soluções e perspectivas
A mesa redonda discutiu os desafios encontrados no desenvolvimento de produtos metálicos, com a participação de especialistas das principais empresas do setor produtivo. Ao longo do encontro foram abordados desde metodologias e procedimentos inovadores, com utilização de modelamentos, simulações e IA, até equipamentos e instalações em escala piloto, recursos necessários para atender as necessidades e requisitos de um mercado cada vez mais exigente, não apenas nas características e aplicabilidade dos produtos, como também nos seus aspectos de rentabilidade e sustentabilidade.
Entre os participantes da mesa estavam: Valdomiro Roman da Silva, José Carlos Gilson Parish, Tulio Magno Fuzessy de Melo, Marco Antonio Wolff, Ângelo Campos Moreira, Ricardo Amorim Pessoa, Tarcísio Reis de Oliveira, Oliver Toribio e Fúlvio Siciliano. Em seu pronunciamento, o Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos da USIMINAS reforçou os apontamentos feitos pelos demais participantes. “O que esperar a respeito do futuro? Grandes mudanças no setor automotivo e a tendência é que os aços continuem buscando resistências cada vez maiores. As questões de sustentabilidade exigem novos processos tecnológicos. Contamos com ferramentas novas, como as técnicas de inteligência artificial, embora nada substitua os esforços que compreendemos, que é continuar estudando em busca de novas soluções”.
Mesa 06 | Soluções para aumento de vida útil de ferramentas: avanços e perspectivas
A área de ferramentaria ocupa um lugar importante no setor minero-metalúrgico e de materiais, no Brasil. Este segmento vive um momento decisivo no que concerne ao desenvolvimento de pesquisa e tecnologia para produção de itens mais resistentes, fabricados por novos processos e que aumentam a vida útil das peças. Isso representa para o setor uma expressiva economia e outros tipos de benefícios.
Coordenada pelos professores Giuseppe Pintaude e Ana Paola Villalva Braga, a mesa-redonda contou com a participação de executivos engajados na missão de transformar positivamente a produção de ferramentas. Cristiane Sales Gonçalves, especialista em engenharia de aplicação da Villares Metals, ressaltou a relevância desse movimento de pesquisa e desenvolvimento para o setor automobilístico, principal consumidor de ferramentas. “Na fabricação de um automóvel, são usadas mais de 2.300 ferramentas diferentes. Aprimorar a fabricação desse maquinário implica em melhorar e contribuir com toda uma cadeia, que inclui montadoras e o consumidor final de automóveis”, destacou Cristiane.
Outro integrante desenvolvedor foi a Oerlikon Balzers, com a participação de Rafael Lopes da Silva. E o painel contou ainda com as empresas fabricantes, como a Bruning Tecnometal, que levou à mesa a participação de Diego Tolotti de Almeida, especialista de pesquisa. A mesa foi encerrada com a participação de Marcelo José de Lima, especialista em ferramentas da STIHL. Os especialistas apresentaram diferentes frentes de inovações e novos processos, que surgem como novas promessas para o desenvolvimento de ferramentaria, tais como a metalurgia do pó (elaborada a partir de pós metálicos) e a manufatura aditiva, comentada pelos participantes como “o novo grafeno” da área de metalurgia e materiais.
Mesa 07 | A visão do estudante sobre a redução da oferta de engenheiros no setor minero metalúrgico
Com o objetivo de complementar o debate do tema da Plenária “Desafios na formação e retenção de engenheiros para o setor minerometalúrgico”, a mesa redonda abordou a queda de interesse dos estudantes para os cursos de engenharia Metalúrgica e de Minas, agora sob a ótica dos estudantes de graduação destes cursos. Apoiados por alguns professores, os alunos apresentaram suas percepções sobre as razões que dificultam a conclusão do curso e a continuidade da carreira atuando na área de formação.
Participaram da mesa: Willy Ank de Morais, Geraldo Lúcio de Faria, Jeferson Leandro Klug, Afonso Rangel Garcez de Azevedo, Ricardo Cabral de Azevedo, Francisco Victor Rosa de Lima, Ana Caroline da Silva Figueiredo, Luiz Carlos da Costa Jr. e Letícia Dias Batista. Sobre o panorama atual de evasão de estudantes, Geraldo Lúcio de Faria, Professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola de Minas da UFOP, destacou que esta tem sido uma realidade de diversos países neste século. “Desde o início dos anos 2000 vem sendo apresentados problemas em alguns países europeus e também EUA, Canadá e Austrália. Há uma diminuição do interesse de jovens pelo setor minero-metalúrgico, refletindo em um grande impacto sobre a produtividade dos programas de pós-graduação. No Brasil, a partir de 2015, começa uma queda acentuada da relação candidato/vaga e, a partir de 2016, a situação começa a ficar mais crítica, quando os índices de formação começam a cair de forma significativa. Em 2022, as empresas reportaram dificuldade de recrutamento, inclusive de estagiários. Esta é uma realidade que nos preocupa e que deve se reparada por meio de uma aliança envolvendo diversos setores”.
Mesa 08 | O papel da eficiência energética na descarbonização
A contribuição da eficiência energética no processo de transição energética e descarbonização da siderurgia foi o tema central da mesa-redonda que fechou a programação de conteúdos do último dia de ABM Week. Especialistas discutiram cases de sucesso em que a eficiência energética foi aplicada com êxito para a descarbonização e abordaram também o papel de políticas públicas para fomentar o avanço da agenda sustentável na siderurgia.
A eficiência energética térmica industrial com abordagem técnica e comportamental para uma gestão sustentável foi tema que abriu a mesa-redonda com a fala de Samuel Moreira Duarte Santos, Engenheiro mecânico e professor da Universidade Federal Fluminense. Segundo Santos, muito se fala sobre energia como sendo a capacidade de realizar trabalho, mas somente uma parte dela, a exergia, é que é capaz de exercer trabalho. “O setor industrial é responsável por 36% do consumo de energia no Brasil, mas tem também um alto potencial de recuperação de energia dispersada, e o setor siderúrgico, dentro da indústria, é o que mais recupera esta energia”, destacou o engenheiro. Além dele, participaram do encontro: André Frias, Sergio Bajay, Paulo Santos Assis, Sunil Kumar, Yakov Gordon, Samuel Moreira Duarte Santos e Alfredo Lamego Duarte.
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