ABM Week 2023: Plenária reúne academia e indústria para debater sobre a baixa procura de estudantes para os cursos no setor minerometalúrgico
Atrair e reter uma geração que busca flexibilidade, desenvolvimento e ESG foi o desafio debatido na Plenária Siderurgia. Durante o evento na 7ª edição da ABM Week, representantes da indústria e da universidade discorreram sobre as consequências e as possíveis soluções frente ao cenário atual de escassez de procura por carreiras na área de engenharia Metalúrgica e de Minas ocasionando o fechamento de cursos, principalmente em escolas privadas, e a falta de preenchimento de vagas nas empresas, ou sua ocupação por profissionais de outras modalidades.
“Temos muito que aprender com a indústria de tecnologia, que já nasceu brigando com a escassez de talentos” foi o convite à reflexão proposto por Gabriela Oliveira Martins Japur, líder nacional de aquisição de talentos da Gerdau, empresa patrocinadora da plenária, que debateu os desafios na formação e retenção de engenheiros para o setor minerometalúrgico. “Não é uma equação fácil e a gente não vai resolver com apenas uma ação. Precisamos trabalhar de forma conjunta para atrair e reter esses jovens no mercado”, completou.
A plenária, realizada no dia 2 de agosto, contou com a coordenação de Francisco Dornelas, consultor e diretor regional da ABM no Espírito Santo, a mediação de Geraldo Lúcio de Faria, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola de Minas da UFOP, e com o debatedor Rodrigo Rangel Porcaro, professor e chefe do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola de Minas da UFOP. Como palestrantes, o evento contou com Gabriela Oliveira Martins Japur, líder nacional de Talent Acquisition da Gerdau; Ivani Silveira, diretora sênior de Recursos Humanos da Ternium; Tamara Vieira, gerente de desenvolvimento humano da CBMM; e os professores Celso Luiz Moraes Alves, do departamento de Engenharia Metalúrgia e de Materiais da Universidade Federal Fluminense (UFF); Antonio Shigueaki Takimi, do curso de Engenharia Metalúrgica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Guilherme Frederico Bernardo Lenz e Silva, do departamento de Engenharia Metalúrgica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
“A colaboração entre indústria e universidade é bem-vinda dos dois lados. A indústria levando os problemas para a academia e, esta, trazendo inovação”, sugeriu Silveira. “O link entre universidade e indústria é necessário e importante. A educação é a força motriz para mudar esse país”, complementou o professor Lenz e Silva, da Poli-USP.
“A ABM possibilita o intercâmbio de conhecimento entre profissionais da indústria e academia, promovendo um espaço para compartilhar conhecimento, se atualizar sobre novas tendências e fazer networking”, afirmou Luis Augusto Colembergue Klujszo, gerente executivo na área de Tecnologia da Operação de Aços Especiais da Gerdau, empresa patrocinadora da plenária. “Para a gente é muito importante não só patrocinar, mas estar aqui presente na discussão de atração no mercado, uma vez que essa é uma das nossas dores. A gente tem hoje muito mais dificuldades de atrair estudantes de Metalurgia e Mineração nos nossos programas de entrada, como G Start e G Future, do que efetivamente contratar gerentes de aciaria e laminação”, pontou Japur, revelando os planos da Gerdau de lançar, em 2024, um programa focado no desenvolvimento técnico. “Estamos em fase de diagnóstico e estudo para fazermos um projeto voltado a ensino médio e ensino técnico”, revelou a profissional.
A necessidade de investimento em ensino técnico foi um posicionamento unânime entre os palestrantes. “Hoje, no Brasil, só 8% dos alunos se formam em ensino técnico”, ilustrou Silveira.
Utilizando como banco de dados o Sisu e o Censo da Educação Superior (Inep/Mec), Porcaro apresentou um panorama do número de vagas nas universidades, mostrando por meio de gráficos a queda na procura dos cursos de graduação, ressaltando uma tendência mundial. “A queda na procura se dá de 2012 para frente, coincidindo com a chegada da geração Z à universidade, a primeira geração que nasceu e cresceu com influência da internet. Eles possuem uma visão diferente de mundo”, observou Takimi. “Precisamos falar como a siderurgia transforma o mundo e faz desse mundo um lugar melhor. É por meio da siderurgia que vamos fazer os carros mais leves e sustentáveis”, destacou Vieira.
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